III. O Templo e o sacerdócio hebraíco

Os romanos, Herodes e seus filhos sempre toleraram essas duas correntes, que representavam toda a organização religiosa hebraica. Tanto uma como a outra tinham o Templo de Jerusalém como centro máximo.
O Templo de Jerusalém era o único lugar oficial para se oferecer sacrifícios a Deus. Foi construído pelo rei Salomão, por ordem expressa de Deus, no décimo século a.C.
Destruído pelo rei Nabucodonosor no século VI a.C., foi reconstruído por Zorobabel 50 anos mais tarde.
Seu embelezamento iniciado por Herodes, o Grande, só terminou no ano 64 d.C.. Pouco anos depois, porém, foi totalmente destruído pelor romanos


O Templo de Herodes erguia-se sobre a grande esplanada, a nordeste de Jerusalém, a qual podia podia-se chegar por meio de escadas subterrâneas. Grandes pórticos o circundavam aos quatro lados; tornaram-se famosos: o do sul, ou pórtico Real, e o do leste ou pórtico de Salomão. No ângulo sudeste, em perpendicular ao vale do Cedron, erguia-se o"Pináculo do Templo".









No centro da esplanada, uma grande balaustrada retangular impedia aos pagãos (sob pena de morte) o acesso ao recinto do Templo.
O espaço compreendido entre os pórticos e a balaustrada chamava-se "Átrio dos Gentios", e estava sempre invadido pelas bancas de vendedores de pombas, cabritos etc, e pelos cambistas









Do outro lado estava o imponente edifício do Templo com o pátio das mulheres, dos homens e o dos sacerdotes, onde se erguia o altar dos holocaustos.
No centro, o Santuário do Templo, dividido em duas salas: o Santo com o altar de ouro do incenso, a mesa das alfaias, e o candelabro de ouro com sete braços.
Estava separado por um véu, o Santo dos Santos, que no tempo de Salomão contivera a Arca da Aliança, com as tábuas da Lei.
Nesse lugar, somente o Sumo Sacerdote podia entrar, uma vez por ano.




O sacerdócio judaico, aos quais podiam pertencer somente descendentes da tribo de Levi, culminava com o Sumo Sacerdote.
Os sumos sacerdotes no tempo de Jesus foram: Anás, que pontificou do ano 6 até o ano 15 d.C. Conservou depois grande autoridade nos anos seguintes. Depois ocuparam esse encargo, os seus cinco filhos, dos quais o Evangelho não dão notícias. Finalmente, o genro de Anás, Caifás, ocupou o cargo de sumo sacerdote. Durante o seu pontificado, Jesus foi crucificado.









O sumo sacerdote era auxiliado pelos Sacerdotes e Levitas. Os Sacerdotes, que prestavam serviço no Templo, eram divididos em 24 classes ou grupos. Revezavam-se semanalmente no serviço litúrgico.
Os Levitas, ao invés, eram encarregados de tarefas mais humildes.
Convém notar que, embora Jerusalém fosse o único em que se ofereciam serviços a DEus, os samaritanos, por razões históricas e religiosas, tinham construído um outro templo sobre o monte Garizim, re ali ofereciam sacrifícios a Deus. No tempo de Jesus tal templo tinha sido destruído, mas eles ainda continuavam a oferecer sacrifícios, no mesmo lugar, ao relento.

Depois do Sumo Sacerdote, a suprema autoridade do judaísmo era representada pelo Sinédrio.
Essa assembléia era composta de altos dignatários do judaísmo, presidida sempre pelo sumo Sacerdote em função, e constituída por 71 membros, dividisos em 3 grupos:

a) Os príncipes dos sacerdotes, ou seja, os sumos sacerdotes não mais em função, e os chefes das famílias sacerdotais.

b) Os anciães do povo, leigos, pertencentes às famílias aristocráticas.

Esses dois grupos adotavam princípios saduceus.

c) Os Escribas, ou doutores da lei, que como vimos, eram de tendência farisaicas.




O Sinédrio tinha os mais amplos poderes judiciários e executivos no campo religioso e civil, com apenas algumas restrições impostas pelos dominadores romanos, por exemplo, condenar à morte no território da Judéia.
Em toda cidade, ou vila de certa importância,  a vida religiosa dos judeus, estava centralizada na Sinagoga. Era um edifício geralmente retangular, contendo um grande armário, onde se guardavam os rolos da Bíblia. Existia ainda um móvel, semelhante a um púlpito, onde lia-se a Bíblia para o povo.
A leitura da Bíblia e as orações comunitárias eram sempre presididas pelo chefe da Sinagoga. O comentário poderia ser feito por um dos presentes.